sexta-feira, 30 de agosto de 2024

ali, ao lado

sem cobrança
mas perdi
toda a esperança
do seu amor sequelado
sua presença
logo ali
ao lado
era mera lembrança
do meu calor velado
daquele beijo mal dado
o abraço encabulado
e nós num contexto
escroto pra caralho
e tanta indiferença
naquela noite
logo ali
ao lado
na sua presença 

domingo, 25 de agosto de 2024

Eustranha









Eustranha
passo o dia de camisola
sem calcinha
quase uma piranha
mas sozinha

Eustranha
baixo a bola
fico sem bússola
que nem uma tola
perdida na minha masmorra

Eustranha
escrevo aleatoriamente
infelizmente sem rumo 
me falta insumo, input
só enrolando fumo, caput

Eustranha
mergulho na entranha
da vida sem magia
sem energia
só na manha

Eustranha
é muito estranho

domingo, 30 de junho de 2024

alada

desabrochar
o meu infinito particular
através dos sentidos
sentidos em sequência 
virabhadra, de virada
na calada
calada
de uma manhã sem sol
só para deixar fluir
o não você em mim
e assim prosseguir
alada

domingo, 12 de maio de 2024

poemas calados

no olhar penetrante
de lado
no abraço quase
apertado
na calada da noite
de lua minguante
e você bem perto
mas sempre distante
poemas calados
em te ver encabulado
no canto
no que há de incerto
e no que foi descoberto
na bolinada vibrante
no beijo (não) dado
na cama vazia
na flor que me trazia
poemas calados
no que não se dizia

sexta-feira, 15 de março de 2024

numa quarta

aquele mix espontâneo de um dia qualquer
requer olhar atento para a poesia do cotidiano:
fui atrás do meu sustento que, de verdade, é um doce alento
em seguida mergulho no ritual da provocação mensal da depilação
mudança de visual com um corte (quase) fatal
- cama para que te quero?
- queen, por favor! eu paquero...
aquele alvoroço para o almoço
e na quietude da siesta a atitude de um nude 
(ou dois, ora pois)
de volta à labuta, tô absoluta nessa luta
mais uma carona e enfim em casa
da maratona à plenitude surge outro nude
e pra brindar essa gira
diamba pra caramba e um vinho gelado de uva quente
numa quarta, meio da semana, bacana

domingo, 3 de março de 2024

continua.mente

e outras mais
(por favor)
e mais
e sempre
e tanto
+
e outras mais
(por favor)
e mais
e sempre
e tanto
+
e outras mais
(por favor)
e mais
e sempre
e tanto

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

nada, nada

não vale nada
nenhum centavo?
travo no abraço
e naquela bolinada
suave, porém
obstinada
que na verdade
em plena liberdade
não vale nada
nenhum vintém?
mas contém ironia
no jeito de falar perto
sem beijo, sem réis
sem jeito, sem viés
com muitas rainhas
à tiracolo
não vale nada
nenhuma prata?
no olhar o protocolo
clássico
de um repertório
básico
e a minha vontade lustrada
no seu cordão de miçanga
não vale nada, nada?

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

diário

escrivinhava o cotidiano
no marasmo das duas da tarde
onde ninguém podia reconhecê-la
decifrava os sinais cifrados
das poesias
dos amores
das saudades
não podia evitar
desentranhar as intenções ocultas
botar a alma pela boca
com variações instantâneas
de tempos em tempos

terça-feira, 31 de outubro de 2023

A pilha

Era uma vez uma jovem coroa que se apaixonou pelo seu vibrador
Eis que numa bela noite quente a pilha acabou