terça-feira, 6 de dezembro de 2022

elo perdido

o silêncio maldito
após termos fodido
no ciclo partido
com sangue escorrido

um lençol tingido
também de gozo vívido
pelo amor com sentido

o pensamento contorcido
no coração sofrido
deixa o ego ferido
e o corpo da mulher doído

é o meu íntimo contido
por um elo perdido
contigo

devia ter fugido

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

nada senti


















quando assimilei à fundo
não conseguia lembrar
como era na realidade
profundo
aquele amor instantâneo
de principiante feroz
vindo de muito antes do quando
de não sei onde
com alguma intensidade
cujo rosto nunca vi
cuja voz nunca ouvi
que na verdade nunca vivi
extinto antes de nascer
depois do sangue escorrer
arrancado pela raiz do medo
dos teus suspiros de (des)encanto
cantados no calor do meu cangote
no canto do ouvido
e do teu sofrimento amargo de café preto
que um dia bebi ao seu lado

já não tinha mais memória para recordar
nada sem ti

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

em suspensão

Dias em estado de suspensão
E ficou constatado que meus pés
Não tocavam o chão.

Me vi numa contramão rigorosa
Aguardando sua decisão
Para realizar a nossa revolução
Amorosa ou não.

E nada de conexão
Senti frustração
Vivi chorosa
Fiquei temerosa.

Sem sua intenção calorosa
Sofri o mal da inspiração
De uma paixão rancorosa.

E dentro da minha adoração
Só encontrei imaginação
A famosa abstração dolorosa
Que abala meu coração

A questão é: por que não?


sexta-feira, 18 de novembro de 2022

se não agora, quando?



se for pra ser
que seja já
que seja sim
deixa estar
você cá
dentro de mim
juntos enfim
num chamego
assim
sem fim

domingo, 13 de novembro de 2022

aspirador de pó

esquecidos no canto
do desencanto
juntos à fina poeira do cotidiano
usamos o aspirador de pó
para desatar o nó
e filtrar do fundo do corpo
todo o pormenor leviano
que sobrou de um portanto

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

umazinha


mulher é bicho confuso
fácil entrar em parafuso
com coisa comum
à falta de um
deseja estar com todos
ao mesmo tempo
e assim esteve
aplicando muitos métodos
para conseguir aprender a
separar uma simples coisinha:
aproveitar a leveza de ser só
mais umazinha

sábado, 5 de novembro de 2022

É para isso que eu presto

Empregue amor em mim
Esfregue amor em mim
Entregue amor em mim
Enxergue amor em mim
Em breve você, meu amor, em mim

É para isso que eu presto 

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

perdi o passo

na esplendida maturidade
com o espaço interior ocupado
de infinita capacidade de ilusão
fiz a leitura errada
do seu labirinto evasivo
e descalça perdi o passo
no justo tempo de ser

terça-feira, 1 de novembro de 2022

o exato contrário do amor

tive que me haver
de uma paixão avassaladora
antiga, de anteontem
que me abasteceu de imensidões

na loucura inicial saciada
que nos moveu em assombrosa fluidez
marcando a pauta da vida
de segundas intenções
me encontrei perdida 
no seu silêncio
e sufocada pelo excesso de delírio

(mordi a isca, tô arisca
aguardando o tempo que o seu tempo tem)

tive que me desfazer
de uma paixão avassaladora
antiga, de anteontem
que me abasteceu de senões

terça-feira, 25 de outubro de 2022

o que sobra?

todo o meu corpo
irradiava intenção
atiçada pela fantasia
de me queimar
nas brasas do olhar dele
nos abandonar
nas delícias do tato
com os instintos
em plena desordem
e confissões trêmulas
forjando alguma intimidade
em um namoro furtivo
que cedo ou tarde
tinha que acontecer
e aconteceu
que tudo tornara
a ficar para depois

e agora, o que sobra?