sexta-feira, 19 de julho de 2019

E se...

E se desse certo?
Encararia de peito aberto.
E se não desse?
Aí, me perderia no deserto.
E se você chegasse perto?
Sem dúvida ficaria esperto.
E se a vida fosse mais colorida?
Garanto que seria mais florida.
Nesse caso, eu escolho ser margarida.
E se fossemos livres para amar?
Viveríamos sobre novos pilares,
com outros ares, muito além de pares.
E se a terra parasse de girar?
Só nos restaria respirar
até o último ar acabar.
E se desse certo?
E se eu desse...
E eu eu desse...
Como saber se não viver?

quinta-feira, 18 de julho de 2019

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

(R)evolução



















Eu tive um sonho, quase uma visão. 
Eu era uma flor lilás que vivia no meio do jardim, rodeada de beleza e perfeição. 
Vistosa, porém delicada, chamava muita atenção. 
Num belo dia ensolarado, uma linda borboleta dourada pousou em minhas pétalas com precisão. 
Gozamos por um tempo essa troca generosa. 
Tinhamos uma relação íntima e gostosa. 
Éramos cúmplices, contemplávamos o tempo, o universo e tudo o mais.
Estávamos em pleno verão, foram momentos de pura paixão. 
Numa manhã de chuva, essa borboleta bateu asas e voou. 
Foi-se sem deixar explicação. 
Seu impulso para o alto (e avante) refletiu em mim como um empurrão, me desprendi do galho e caí no chão. 
Por sorte, caíra na grama alta, parecia um colchão. 
Chorei, mas fiquei sem nenhum arranhão. 
Pouco depois, uma fada madrinha que por ali passava sem pretensão, me viu sozinha, quase sem razão. 
Eu não queria a solidão... 
Ela me acolheu e sussurrou palavras encantadas na minha direção. 
Como em um passe de mágica me desfiz em lágrimas e vivenciei uma super sensação - juro que não é ficção: experimentei o amor e a união. 
Percebi o tamanho da criação e entendi que somos um grão. 
Hoje, integrada ao todo, faço minha flor brotar internamente nos demais seres do planeta. 
Promovo a conexão a partir da respiração. 
E agora, pergunto com convicção: já me achou dentro do seu coração?

sexta-feira, 8 de julho de 2016

A direção

Um dia entrei em um barco a remo, junto com um time de remadores e um capitão. Remei, remei, remei, seguindo seu rumo, sua direção. Surfei belas ondas, desviei de grandes pedras, trabalhei sob sol e chuva, um caminho quase insano. Mas, numa noite, quando já estávamos na metade do oceano, a tripulação decidira me jogar em mar aberto. Virara um peso extra. Fiquei arrasada, me senti uma desgraçada. Acatei sem soltar uma palavra. Me joguei no mar escuro, uma noite estrelada me recepcionou e uma luz me iluminou. Nadei, nadei, nadei, sozinha me salvei. Hoje construo meu próprio barco e remo na minha direção. O caminho do meio, do meio do peito, o do coração. Nele quem quiser pode entrar e sair, não precisa de permissão. No horizonte, ao longe, vejo aquele antigo barco. Noto que eles remam em círculos, sem nenhuma orientação.