segunda-feira, 29 de julho de 2019

Nós em nós

Troca suave e discreta
Até o querer transcender
Poucos metros, alguns centímetros
Cada vez mais próximos
Mãos dadas, enlaçadas num instante
Em uma noite minguante
Você toca a minha barriga
E isso me instiga
Um abraço tímido em uma esquina
Pura ocitocina!
Eu desejo um cheiro no cangote sem boicote
Um beijo e a gente fecha o pacote
Realizar e depois parar para pensar
Mas, se rolar da gente se amar
Sugiro se entregar e aproveitar
Deixar a vida nos levar
Mas, seguimos sem o "nós"...
Com nós em nós
Nós na garganta
Que calam o coração
O dito pelo não dito
O que você me disse, mesmo?
- Não.

terça-feira, 23 de julho de 2019

Cala-te

Censura
Censurando
Censurada
Sem senso
Melhor calada
Mas quem cala consente
Ou finge que não sente?
Cala-te

sexta-feira, 19 de julho de 2019

E se...

E se desse certo?
Encararia de peito aberto.
E se não desse?
Aí, me perderia no deserto.
E se você chegasse perto?
Sem dúvida ficaria esperto.
E se a vida fosse mais colorida?
Garanto que seria mais florida.
Nesse caso, eu escolho ser margarida.
E se fossemos livres para amar?
Viveríamos sobre novos pilares,
com outros ares, muito além de pares.
E se a terra parasse de girar?
Só nos restaria respirar
até o último ar acabar.
E se desse certo?
E se eu desse...
E eu eu desse...
Como saber se não viver?

quinta-feira, 18 de julho de 2019

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

(R)evolução



















Eu tive um sonho, quase uma visão. 
Eu era uma flor lilás que vivia no meio do jardim, rodeada de beleza e perfeição. 
Vistosa, porém delicada, chamava muita atenção. 
Num belo dia ensolarado, uma linda borboleta dourada pousou em minhas pétalas com precisão. 
Gozamos por um tempo essa troca generosa. 
Tinhamos uma relação íntima e gostosa. 
Éramos cúmplices, contemplávamos o tempo, o universo e tudo o mais.
Estávamos em pleno verão, foram momentos de pura paixão. 
Numa manhã de chuva, essa borboleta bateu asas e voou. 
Foi-se sem deixar explicação. 
Seu impulso para o alto (e avante) refletiu em mim como um empurrão, me desprendi do galho e caí no chão. 
Por sorte, caíra na grama alta, parecia um colchão. 
Chorei, mas fiquei sem nenhum arranhão. 
Pouco depois, uma fada madrinha que por ali passava sem pretensão, me viu sozinha, quase sem razão. 
Eu não queria a solidão... 
Ela me acolheu e sussurrou palavras encantadas na minha direção. 
Como em um passe de mágica me desfiz em lágrimas e vivenciei uma super sensação - juro que não é ficção: experimentei o amor e a união. 
Percebi o tamanho da criação e entendi que somos um grão. 
Hoje, integrada ao todo, faço minha flor brotar internamente nos demais seres do planeta. 
Promovo a conexão a partir da respiração. 
E agora, pergunto com convicção: já me achou dentro do seu coração?