segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

meu quase primeiro Carnaval

vendaval da demasia
festival da fantasia
energia caótica
caótima
tá tudo ótimo
de havaianas na lama
ou suave na casa da mana
um salve à maçã mordida
e ao aval para experimentar
etecetera e tal
bateu total
é chapéu-de-cobra
é maresia
ora veja, mais uma cerveja
e água mineral
é ele de princesa
que brota de surpresa
e lenha na chama
agora reacesa
tem mascarado ensolarado
não declarado
cheio de cortesia
tem encontro desejado
não orquestrado
no bloco e in loco
tem paquera abstrata
na onda do navio pirata
...
sonhei tanto com esse dia
meu quase primeiro Carnaval
transformado em poesia

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

de sainha

dancei na rua
sem calcinha
pois te dei
de lembrancinha
a calcinha
joguei
para além da lua
e sem calcinha
fiquei
nua e crua
toda facinha
molhadinha
sem calcinha
bem doidinha
te dei
sem calcinha
querendo mais que
a cabecinha
cadê a calcinha
?
bom lembrar
que eu estava
de sainha

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

uma segunda ruim

numa segunda ruim
de gentileza habitual
para manter o ritual
fui parar num botequim
sozinha,
mas eu tenho a mim
a batatinha
e a (c)erva
.
e você ao longe só observa
cheio de reserva
não me vive
.
foi uma segunda ruim
sozinha

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

déjà vu

com um sorriso sem graça
assimilei à fundo
estava exausta
como se tivesse vivido um amor absoluto
e não apenas aquilo que é de fato
o prazer de um amor
apressado,
contrariado,
descarrilhado
mas que já não se lembrava mais de mim 
que aconteceu quase de emergência
nem por acaso e nem pelo resto da vida
pelo medo de que a ocasião não se repetisse jamais 

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

descomedido delírio

mas ali estava eu
no ritmo
desfrutando do gozo
com naturalidade
sem ser vista
no meio da pista
sentindo pulsar na artéria
o descomedido delírio da felicidade
de uma boa putaria
 

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

sim, eu caí nesta

numa noite quase indigesta
virei brinde de fim de festa
aquela seresta
nada modesta
era para outra aresta
e eu caí de testa
exposta
pra deixar de ser besta

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

escrevia

escrevia, escrevia para ele devia? versos para ele rimas para ele poemas para ele e só ele não os lia mas eu seguia minha poesia  escrevia, escrevia 

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

elo perdido

o silêncio maldito
após termos fodido
no ciclo partido
com sangue escorrido

um lençol tingido
também de gozo vívido
pelo amor com sentido

o pensamento contorcido
no coração sofrido
deixa o ego ferido
e o corpo da mulher doído

é o meu íntimo contido
por um elo perdido
contigo

devia ter fugido

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

nada senti


















quando assimilei à fundo
não conseguia lembrar
como era na realidade
profundo
aquele amor instantâneo
de principiante feroz
vindo de muito antes do quando
de não sei onde
com alguma intensidade
cujo rosto nunca vi
cuja voz nunca ouvi
que na verdade nunca vivi
extinto antes de nascer
depois do sangue escorrer
arrancado pela raiz do medo
dos teus suspiros de (des)encanto
cantados no calor do meu cangote
no canto do ouvido
e do teu sofrimento amargo de café preto
que um dia bebi ao seu lado

já não tinha mais memória para recordar
nada sem ti

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

em suspensão

Dias em estado de suspensão
E ficou constatado que meus pés
Não tocavam o chão.

Me vi numa contramão rigorosa
Aguardando sua decisão
Para realizar a nossa revolução
Amorosa ou não.

E nada de conexão
Senti frustração
Vivi chorosa
Fiquei temerosa.

Sem sua intenção calorosa
Sofri o mal da inspiração
De uma paixão rancorosa.

E dentro da minha adoração
Só encontrei imaginação
A famosa abstração dolorosa
Que abala meu coração

A questão é: por que não?