quinta-feira, 2 de julho de 2020

obedientes sonhos

as palavras me escondem sem cuidado
abafada, quem dera gritar
da minha mais alta razão:
olha-me de novo
dentro dos olhos

há quanto tempo desejo seu beijo
inaugurando um sonho
pra esse tipo de vontade
sentir-lhe a barba me roçar
coxas, pelos
e sobretudo, guardar aquele cheirinho do cangote
seu coração ainda manda, e a mão obedece
tudo sentir total

depois de uma noite longa e escura
houve loucura em qualquer direção, a qualquer hora
e ver tão fundo
e mais atenta
te olhei. e há um tempo
me iludo, passado presente futuro

agora o sonho acabou

eu nada fiz

obedientes sonhos dos quais podemos acordar e chorar

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Pés descalços

Essa é uma troca real
Você e eu
O que realmente aconteceu
Não é completamente certo
Quero
Dengo
Fui e ponto
.
Com os meus pés descalços
E essa coragem para me comprometer sem necessidade

terça-feira, 16 de junho de 2020

calorosa


coração puro incêndio

ardendo por dentro
me centro nas brasas
do fogo que me consome

desejos em chamas transbordam em rimas

queimo em versos

até você me apagar

sou(l)

minha melhor versão é a que
sou(l)

sábado, 13 de junho de 2020

que cisma


um sonho, um sinal
meu e seu
dentro de um
são poucos sonhos
muitos fumos
não há
em tempo de cólera
a cura
quem não?
tem razão
não
quero poupar
a mim mesma
(a vida passa)
sem você
sem graça
sem pretensão
há projeção
na piscina
mais perto
do que imagina
uma premonição
uma canção
constrangida
uma ideia
tais valores
e sempre um não
apenas isso
sua (o)posição
moralista?
clara pra mim
entendi que o desejo
chegou ao enfim
uma foto inesperada
nada
registrando
uma noite sem fim
quero bem a você sim
jovem, livre,
amando e sendo amada
está decretado
existirmos
desfrutemos
nus
com um beijo
na boca

essa é uma troca real.
sonhei com você,
fazia tempos...

que cisma.



domingo, 24 de maio de 2020

70 dias

isolada por 70 dias
muito mais tempo
que tu me adias
você nem tenta
te chamo em chamas
puros assédios
mas só recebo adiós

terça-feira, 28 de abril de 2020

apegada

me sinto uma boba
uma tola
sempre pensando
em você à toa.
num passado
só sonhado
queria ter dormido
ao seu lado
e me enrolado
como um laço
no teu abraço.
ainda apegada
àquela bulinada
na madrugada
que no final
não deu em nada.

sábado, 11 de abril de 2020

nem escrever

...é tanto confinamento que nem escrever tem sido alento...

ainda

Olho lá e cá
para ver quando
você vai me notar.
E a cada espiada,
a cada rastro,
fico arrepiada.
Aquela liga
cultivada à distância
(e cada vez mais)
ainda instiga.

sexta-feira, 10 de abril de 2020

e o futuro?




















Confiante de que tudo é provisório
e que faz parte todo o processo.
Desapego sem fim.
Sim, há variações de humor
e quase não há mais planos.
Há o hoje.
Acredite,
tudo pode mudar de uma hora pra outra...
E, agora mais do que nunca
o passado constantemente no presente
e o futuro não se sabe.